Estamos no começo da barbarie

Arte: Tijolaço

O jornalismo internacional, depois dos incontáveis avisos sobre o risco de ruptura democrática no Brasil, desde 2016, finalmente acorda e se levanta pelo Brasil, nossa cultura, nosso povo oprimido, por nossa democracia. 
Desculpem os erros de português, tentei ser o mais fiel possível ao texto original, quem quiser corrigir alguma coisa, fique a vontade, abaixo o link original e a tradução do texto.

 Matéria publicada originalmente  no jornal alemão Zueddeustsche Zeitung em 19 de Outubro de 2018

A mídia mundial, depois de tantos avisos sobre a ruptura democrática desde 2016 no Brasil, agora acorda e se levanta pelo Brasil, nossa cultura, nosso povo oprimido, por nossa democracia. 
Desculpem os erros de português, tentei ser o mais fiel possível ao texto original, quem quiser corrigir alguma coisa, fica a vontade que eu edito o texto aqui, abaixo a tradução:
"Estamos no começo da barbárie 
Seis semanas após o incêndio do Museu Nacional brasileiro, ainda não há nem uma cobertura improvisada. (Foto: Mauro Pimentel / AFP)
O candidato presidencial brasileiro Jair Bolsonaro galopa em campanha eleitoral contra índios, afro-brasileiros, homossexuais e artistas.
Apenas nas últimas três semanas, 50 jornalistas sofrem ataques dos fãs de Bolsonaro.
Alguns artistas já deixaram o país por questão de segurança.
De Boris Herrmann, no Rio de Janeiro
O Museu Nacional do Rio não está morto, pelo menos não é bem assim. Seu prédio principal, o palácio onde reis e imperadores residiam, incendiou-se no início de setembro. Cerca de 90% dos cerca de 20 milhões de objetos foram destruídos, uma perda imensa, não apenas para o Brasil, mas para toda a humanidade. Mas ainda há muitos objetos espetaculares que sobram. O herbário, por exemplo, ou o Departamento de Biologia Marinha, com centenas de milhares de esponjas, corais e organismos inexplorados mantidos em um banheiro externo. Há também grandes partes da biblioteca do museu. A área climatizada onde as raridades são armazenadas só pode ser visitada com uma autorização especial.
O bibliotecário chefe coloca uma fita com desenhos originais de Maria Sibylla Merian em um travesseiro macio, coloca luvas de plástico antes de folhear. Merian, o naturalista de Frankfurt, colecionou insetos coloridos, lagartas, mariposas e traças no início do século XVIII. Suas cores ainda parecem recém pintadas. Também nove rolos de pergaminho com manuscritos da Torá, que dizem estar entre 400 e 1000 anos, sobreviveram ao fogo. Eles tinham acabado de ser levados para o anexo para restauração. Ninguém que tenha visto esta biblioteca negaria que ainda haja vida neste museu.
O Museu Nacional foi um dos poucos lugares democráticos do Rio.
Ainda mais urgente é a questão de como proceder agora com uma das instituições culturais, de pesquisa e educação mais importantes da América Latina. A preocupação mundial foi e é animadora, a Unesco enviou equipes de especialistas, a Alemanha forneceu um milhão de euros para a reconstrução. Mas o Brasil ainda está longe disso. A perícia ainda está procurando a causa do incêndio, não há para o prédio, nem cobertura temporária.
Mesmo seis semanas depois, chove na ruína carbonizada, onde tesouros de vários milênios se prendem como um sanduíche entre três andares desmoronados. Cinzas as transformam em dejetos. Enquanto isso, professores, estudantes de pós-graduação e estudantes compartilham um punhado de salas e contêineres. Às vezes você se sente em um campo de refugiados. A direção do museu disse: "Não vai acontecer muita coisa até o final das eleições, nós somos um museu nacional, tudo depende de quem será o próximo presidente".
O próximo presidente do Brasil provavelmente será Jair Bolsonaro. A frente de todas as pesquisas de intenção de votos para o segundo turno, em 28 de outubro, o capitão da reserva está bem à frente. Ele comentou uma vez sobre o futuro do museu: "Já está queimado, o que posso fazer?
Bolsonaro, 63 anos, certamente não seria o primeiro presidente a não ter nada a oferecer a essa causa. Por um longo tempo, o museu foi cronicamente subfinanciado. Foi fechado, porque faltava dinheiro para a equipe de limpeza. Desde Juscelino Kubitschek, que governou de 1956 a 1961, nenhum chefe de Estado brasileiro foi visto ali, mas com Bolsonaro, a ignorância parece alcançar uma nova dimensão. Parecem aliviados que o museu finalmente apodrece, “é um incomodo menor.
O Museu Nacional foi em tempos melhores um dos poucos lugares democráticos do Rio. Era um livro de instruções. Aqui, crianças de todos os extratos, pobres, ricas, negras, brancas e indígenas aprenderam o quanto a cultura brasileira é diversa, a idade do Novo Mundo, a singularidade da natureza. O extremista de direita Bolsonaro representa a negação de tudo isso: pela supremacia do homem branco, pela exclusão e pelo racismo, pela glorificação da ditadura, pela exploração econômica da maior floresta tropical da Terra. Um político que anuncia que seu governo vai deixar "nem um centímetro" para os descendentes dos povos indígenas, você provavelmente não espera que ele se sinta culpado quando no Rio, entre outras coisas, o maior centro de documentação de línguas indígenas pegar fogo. Já está incendiado dirá. 
Moha do Katendê foi morto na semana passada em Salvador por bolsonarista quando manifestou apoio ao candidato da esquerda, Fernando Haddad. Sobre o caso, Bolsonaro comentou: "Nao tenho controle sobre o que fazem meus eleitores"



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Carta aberta aos jornalistas e a toda militância, um apelo.

WhatsApp Civilizatório #BolsonaroNao #EleNão #DitaduraJAMAIS